quinta-feira, 20 de maio de 2010

O QUE É O TEMPO? (PARTE 3/3)


"Tempo, na área da educação física – mais precisamente de esportes competitivos, é tudo. Tempo é aquele inimigo a quem todo atleta quer vencer ao mesmo tempo (olha ele de novo); é também o amigo que nos acompanha na jornada de treinos. É o nosso referencial. Se por um lado queremos vencê-lo apesar de ser invencível, é por meio dele que vemos as nossas limitações e quanto o esporte pode ensinar os fundamentos da vida (ética, humildade e perseverança).

Por outro lado, no esporte temos a vontade inversa da vida, pois queremos que o relógio passe rápido para que logo completemos os nossos objetivos, quando na vida queremos que ele passe devagar para que as dores e agruras da idade não se aproximem. Hoje, após 25 anos de profissão, tenho no tempo não mais um adversário, mas sim um companheiro a quem confidencio mazelas e alegrias. Sinto por ele um grande carinho e apreço, pois com o passar dele também passam algumas dúvidas e outras certezas se afloram."

Mario Sergio Silva, treinador de corrida



"A percepção da passagem do tempo é inerente à condição humana. Mas, o que é o tempo? Seria algo com existência objetiva, ou um constructo psíquico útil para ordenar os evento sem antes, agora e depois de maneira que possamos descrever as transformações que ocorrem na natureza ao nosso redor?

Podemos responder a esta questão sob várias óticas, por exemplo, sob a visão do homem comum, da física e das tradições do Vedanta e do Tantra não dualista. Para o homem comum, o tempo existe e ele o percebe objetivamente pela constatação de seu próprio envelhecimento. Na física o conceito de tempo é importante para descrever a taxa de variação de alguns fenômenos, como o movimento dos corpos no espaço.

AlbertEinstein, ao elaborar a Teoria da Relatividade Restrita, modificou radicalmente os conceitos de tempo e-espaço unindo-os num novo conceito de espaço-tempo cujas características fogem do senso comum. O tempo e o espaço respectivamente se dilatam e se contraem dependendo do referencial em que se encontram os observadores. Entretanto, o tempo parece ser somente uma variável útil na descrição dos fenômenos, e não o agente que os causa, cuja origem está na cosmologia do Big Bang.

Para as tradições não dualistas da Índia, como oVedanta e o Tantra, o tempo não existe como uma categoria objetiva. Ele surge como um constructo mental, fruto da percepção subjetiva da manifestação da Consciência do Absoluto – Brahman no Vedanta Advaita e Parama-Shiva no Tantra —, que ao se manifestar é percebido, pela cognição sensorial do humano, como um Cosmos em constante transformação. Por isso, o Absoluto é dito ser a origem conceptual do tempo. Na Cosmogonia Abhasavada do Tantra Advaita, o tempo é definido como um dos princípios da restrição consciencial que deu origem ao Cosmos, no décimoTattva, denominado kala.

No mundo em que vivemos, o tempo parece estar orientado em uma única direção, a do futuro. Nós envelhecemos e nunca desenvelhecemos. Então, poderíamos questionar se o tempo seria uma força que flui, tal como um rio, levando consigo nossas experiências e recordações. Não, o tempo não é oresponsável pelas nossas rugas, mas somente algo que nos permite medir a rapidez com que elas aparecem."

Osvaldo Marmo (Tarananda Sati),estudioso de Tantra e Samkhya Yoga



"O tempo é o nome que damos ao desenrolar da projeção do filme que é as nossas vidas, e que pode passar depressa, como quando estamos apaixonados, e pode ser demorado quando estamos entediados. Tudo não passa de uma grande ilusão ou maya. Quando nos desligamos da mente objetiva ou concreta,o dito tempo perde o seu poder de nos influenciar. Como quando estamos dormindo, em coma ou em estado alterado de consciência. O que é o tempo perto da grandeza do Universo?"

E duardo Zabotto Filho, luthier(profissional que faz e restaura instrumentos musicais)



"Como o tempo é um instrumento inventado pelos humanos para julgar a matéria, o lixo, é simplesmente lógico que nós temos de fazer ajustes nesse instrumento. Como estamos agora no pós--futuro, chegamos a um momento em que o mecanismo do tempo receberá uma revisão completa."

Mike Ladd, músico, poeta, ensaísta



"Tic-tac, tic-tac: o tempo na visão hindu. O Ocidente enxerga o tempo em uma progressão linear. O que veio antes, o que está acontecendo agora e o que ainda não aconteceu ocupam lugares contíguos ao longo de uma linha imaginária nas páginas doslivros de história, geologia ou cosmologia. Aprendemos, dessa maneira, que o que já aconteceu não se repete, e que o que ainda não veio nunca aconteceu antes.

No pensamento da Índia, assim como no de outras civilizações antigas, a ideia do tempo linear não existe. Ou existe,mas de maneira muito diferente: o tempo é cíclico e se repete incessantemente. O que está acontecendo agora já aconteceu antes. O que ainda virá já aconteceu também no passado. O curioso é que essa percepção do tempo como um ciclo infinito não é exclusiva dos indianos: para os alquimistas medievais da Europa, o Ouroboros, a serpente que morde a própria cauda, é símbolo da eternidade. O círculo representa o eterno retorno, a renovação constante, o renascimento redentor. Essa imagem também nos leva a pensar no kalachakra, na roda do tempo da qual falam budistas e hindus.


O SONO DE VISHNU E OS CICLOS CÓSMICOS.

Nos Puranas, antiquíssimos textos que falam, entre outros temas, sobre a origem do Universo, o termo yoganidra (aliás, usado no Yoga para designar as técnicas de relaxamento), alude ao sono do deus Vishnu (nidra significa sono). Vishnu, como preservador da criação, descansa nas águas causais, deitado sobre a serpente de mil cabeças Anantasesha, a infinita. Durante seu sonho surge-lhe do umbigo uma flor de lótus, da qual emerge o deus Brahma para criar o mundo, iniciando um ciclo cósmico de quatro eras (mahayuga).

Na cosmogonia indiana, um yuga é uma idade ou era cósmica. Uma era cósmica é um ciclo completo de nascimento, vida e destruição do Universo. As eras são quatro: krita (a da verdade, ou de ouro), treta(a da tríade, ou de prata), dvapara (a dopar, ou de bronze) e kali (a do vício, ou deferro). O conjunto desses quatro ciclos é um mahayuga. Mil mahayugas constituem um kalpa ou um único dia na vida deBrahma. Ele vive um mahakalpa (100 anosde 360 dias cósmicos, ou seja, mais de 300bilhões de anos terrestres), que é apenas um piscar de olhos de Vishnu! A morte de Brahma determina o mahapralaya, a reabsorção e dissolução do Universo, após a qual o ciclo recomeça. Números que medem o infinito 1 mahayuga = 1,55 bilhão de anos; 1.000 mahayugas = 1 kalpa; 1.000 kalpas = 1 mahakalpa; 1 mahakalpa = 1 dia de Brahma; 1 vida de Brahma = 100 anos ou 36.000 mahakalpas; 1 mahakalpa = 311 quatrilhões de anos, que equivalem a um piscar de olhos de Vishnu!

Os nomes krita, treta, dvapara e kali referem-se ao chaturanga, um antigo jogo indiano em que há quatro combinações possíveis de dados. Ele nos remete ao Mahalila, o Grande Jogo Cósmico, que é uma metáfora para refletirmos sobre a realidade como resultado da manifestação da Consciência Manifestada, Ishvara. Assim como as quatro estações se sucedem ao longo de um ano, as quatro grandes eras se repetem ao longo do tempo, reproduzindo uma estrutura fractal que é perceptível no infinitamente grande, no infinitamente pequeno, e no que há no meio.


O TEMPO CÍCLICO,A HUMANIDADE E A NATUREZA

Assim como a serpente que morde a própria cauda, essa ideia do tempo como uma infindável sucessão de ciclos nos convida a relativizar a condição humana e nosso papel na criação. Diferentemente daquilo que poderíamos concluir olhando para o tempo linear, em que poderíamos colocar no presente, e de maneira bastante confortável, a presença humana na criação, a visão do tempo cíclico nos convida a perceber a transitoriedade e a fragilidade dessa presença. Consequentemente, nos traz de um lado uma sensação de maravilhamento perante a grandeza da criação e, de outro, uma necessária e saudável dose de humildade.

Acredito que uma parte dos problemas que a humanidade enfrenta atualmente deva-se justamente à falta de humildade, àquela atitude de excesso que os gregos chamavam hybris, “aquilo que passa da medida justa”. Presunção, arrogância e insolência em relação à natureza são manifestações de hybris. Em sua obra Estudo da História, o inesquecível Arnold Toynbee enxerga, nessa atitude de arrogância extrema, uma possível causa do colapso das civilizações. O oposto desse excesso de hybrisé sofrósina, que é prudência, parcimônia e bom senso. Se essas virtudes fossem aplicadas, se tomássemos consciência da insignificância do bicho humano diante da grandeza do tempo e da natureza, deixaríamos de ver a nós mesmos como a cereja no bolo da criação.


Em sânscrito, tempo se diz kala. Mas essa palavra também significa morte, fim, destruição. Esses termos, da mesma maneira, nos remetem à humildade e nos fazem repensar que, talvez, o nosso papel na ordem universal não seja assim tão central e que, quem sabe, deveríamos enxergar com olhos mais respeitosos e compassivos as demais manifestações da natureza. Percebendo a dimensão abismal dos ciclos cósmicos, relativizamos aquilo que entendemos como a história linear, e nos tornamos assim capazes de viver o presente da melhor maneira."

Pedro Kupfer, yogi



quinta-feira, 13 de maio de 2010

A PALAVRA NO MURO FICOU COBERTA DE TINTA...

As escrituras pintadas pelo Profeta Gentileza em 56 pilares do viaduto do Cajú, no Rio de Janeiro, serão restauradas por uma equipe da Universidade Federal Fluminense (UFF), como atividade do projeto Rio com Gentileza.
O projeto tem como finalidade desenvolver ações para a recuperação da obra do profeta. O trabalho de restauração terá início no dia 06 de maio de 2010, com previsão para terminar em 08 meses.Os cariocas, ou frequentadores do Centro da Cidade Maravilhosa, que passaram pelas rua do centro do Rio na década de 80 conheceram bem a energia desse ícone da cidade. Porém, foi pela voz da cantora e compositora Marisa Monte, com a canção Gentileza, uma forma de protesto após a Comlurb ter pintado as pilastras de cinza, no final dos anos 1990, que ele passou a ser mais amplamente conhecido.


A História do Profeta

"José Datrino era um empresário, dono de uma transportadora de cargas no Rio de Janeiro, que se viu sacudido por um acontecimento de grande força trágica: a queima de um grande circo na cidade de Niterói. Após seis dias, ele recebe um chamado divino para que deixe tudo que possuía e venha viver uma missão na Terra, assumindo uma nova identidade. Como explicar tal atitude e tal mudança de comportamento frente à realidade? Como é possível que um homem seja levado a abandonar tudo, recolhendo, de um episódio, o anúncio de um novo sentido à vida?


Nascido em 11 de abril de 1917, em Cafelândia, interior de São Paulo, José Datrino era o segundo filho de Paulo Datrino e Maria Pim, dentre os onze filhos do casal. Viveu até os 20 anos naquela região lidando diretamente com a terra, onde ajudava a família a manter-se, mesmo em épocas difíceis. Rapaz franzino, trabalhava puxando carroça para vender lenha nas cidades próximas. Algumas vezes, chegava a fazer duas viagens, numa mesma noite, para prover a família. Como lavrador aprendeu a reconhecer a riqueza da natureza. O campo ensinou também José a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, Gentileza se dizia "amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento".


Desde os doze anos de idade, José já prenunciava uma missão. Achava que teria de "ter uma família, ter filhos, construir bens, mas que, um dia, teria de deixar tudo". O comportamento estranho do filho levou seus pais à suspeita de que fosse acometido de loucura. Razões místicas também foram buscadas e José foi levado a curadores espíritas para que seu problema se resolvesse. Em 1937, já com 20 anos, deixa a cidade de Mirandópolis, sem avisar a família, rumando para São Paulo. Seu destino final era o Rio de Janeiro. Ao se dar conta da partida do filho, seu pai seguiu seus passos até São Paulo, mas não conseguiu interceptá-lo. Para a família, na época, o filho tinha sido levado por um guia espiritual.


José Datrino ficou quatro anos sem dar notícia a seus familiares de Mirandópolis. Conta seu irmão Pedro que, toda vez que ouvia a Maria Fumaça apitar, seus olhos se enchiam de lágrimas na esperança do retorno do irmão. Quando souberam de José, ele já estava estabelecido no Rio e pedia à mãe que lhe enviasse seus documentos.


No Rio, casou-se com Emi Câmara, com quem teve cinco filhos, "três femininos, e dois masculinos".O sustento de José Datrino e sua família provinha de fretes que ele também passou a fazer na cidade.Aos poucos, fez crescer o negócio e, finalmente, estabeleceu-se com uma transportadora de cargas na Rua Sacadura Cabral, no centro da cidade. Cumpria-se seu prenúncio de infância: José Datrino constituíra família e bens; era um empresário possuidor de "três caminhões, três terrenos e uma casa".


Com a vida "estabelecida" no Rio de Janeiro, deu-se a grande mudança na vida de Datrino. Conta Maria Alice, sua filha mais velha, que, numa noite, viu o pai atormentado por uma visita de alguém que queria tornar-se sócio de sua empresa. Com a partida da visita, José Datrino correu para o quintal, e ali cobriu todo o corpo de terra e lama. Soltou, em seguida, os pássaros e as galinhas. Este episódio marcante já revelava a intensidade daquele momento para o pai de família José Datrino: invocando o direito de reesculpir-se do barro, um novo homem fazia-se de um novo humus.


A partir de sua "revelação", ocorrida após a queima de um grande circo em Niterói, o Profeta deixa tudo para a família e ganha uma nova identidade: JOZZE AGRADECIDO ou ainda GENTILEZA. Sua atribuição: "vir como São José, representar Jesus de Nazaré na Terra". Curiosamente, o Profeta já sugere, em seu nome, a possibilidade de sua missão. Datrino significa, em italiano, de três, enviado pelo Trino (Trindade).


Gentileza conta que acabou sendo internado três vezes como "débil mental, como maluco". Numa dessas internações, o "médico psiquiatra" disse à filha do Profeta que seu pai estava tomando choque à toa, pois não era maluco. No pátio do manicômio, relata Gentileza, os enfermos ficavam todos à sua volta, ouvindo sua pregação. Outro médico teria dito ao Profeta: "Gentileza, você veio aqui para nós te curar ou para você nos curar?" Depois destas passagens, Gentileza ganhou novamente a rua. A partir de então, sua figura singular passou a atrair toda sorte de atenção. Aos que o apontavam na rua, como maluco, ele dizia: "maluco pra te amar, louco pra te salvar" ... "seja maluco mas seja como eu, maluco beleza, da natureza, das coisas divinas.


"Em meados dos anos 60, com o verbo na ponta da língua e seu estandarte em punho, Gentileza se apresenta nos lugares como representante de Deus e anunciador de um novo tempo.


Aos poucos, torna-se um personagem reconhecidamente popular. Cria provérbios e máximas para alcançar as pessoas, ensina a gentileza e proclama os costumes em plena época do movimento hippie, do rock e da minisaia. Apesar de cabeludo, Gentileza divergia, em muito, dos jovens 'contestadores' de então. Proclamou o AMORRR espiritual, a HONRRA e o "fim dos vícios da humanidade".


Gentileza jamais aceitou dinheiro das pessoas: "é mais fácil um burro criar asas e avoar do que um centavo de alguém aceitar". Ao contrário, denunciava: "cobrou é traidor - o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o Papa tá papando, papão do capeta capital". A pregação anti-capitalista constituiu a denúncia maior do Profeta. Às vezes foi tomado como comunista, tendo que explicar às "autoridades" o porquê das iniciais PC em seu estandarte (na época). Na ambigüidade criada, não se tratava de uma vinculação ao Partido Comunista, mas ao Pai Criador.


Todos esses aspectos contribuem para que, cada vez mais, Gentileza apareça e se destaque na sociedade da época. Gentileza era um caminhante incansável, que estendeu sua presença a vários bairros do Rio de Janeiro, às cidades da Baixada Fluminense, a Niterói e São Gonçalo. Entre Rio e Niterói, Gentileza consagrou-se como o "pregador da lancha", que liga as duas cidades pelo mar; era conhecido de todos naquela travessia. Conhecido também dos médicos do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (Niterói), para onde foi levado, inúmeras vezes, por policiais.


Em fins dos anos 60, o Profeta inicia uma série de viagens que o tornarão conhecido no interior do País. Nessa época, retorna a Mirandópolis reapresentando-se como Profeta Gentileza. Em 1970, parte para o interior de Mato Grosso, rumo a Campo Grande e Aquidauna (atual MS), para pregar a gentileza. Nessa última urbe, sofreu sua primeira grande adversidade como profeta: foi detido por policiais que o conduziram à delegacia. O delito cometido era o de estar pregando sem a Bíblia na mão. Pelo fato de assim constituir uma ameaça ao bem público, Gentileza ficou uma noite preso, tendo seu cabelo cortado e seu estandarte quebrado.


Que mal fez esse homem? - dizia a manchete do jornal de Campo Grande, para onde Gentileza se deslocou depois do ocorrido. Quanto ao fato de pregar sem a Bíblia, o Profeta cunhou uma frase lapidar: "Quem é mais inteligente, o livro ou a sabedoria? Não é a sabedoria? Então eu sou a sabedoria, nós somos a sabedoria de Deus.


"Passado o susto, o Profeta prossegue em sua missão. Ao retornar ao Rio, inaugura um novo estilo. Confecciona uma cartola, às avessas do Tio Sam, onde assinala seus preceitos e virtudes. Com nova indumentária e um álbum a tiracolo repleto de matérias jornalísticas a seu respeito, Gentileza torna-se, novamente, assunto dos jornais que o chamam de "Profeta Tropicalista" e "Chacrinha da Calçada".Pouco depois, novo visual: de cabelo curto, roupa social, Gentileza percorria os jornais para anunciar sua mensagem e sua diligência contra os vícios. Em meados dos anos 70, de cabelo já refeito, ele assumia o terno e a gravata, fazendo-se fotografar em diversas redações de jornais.


Nos anos 70 desponta seu culto à brasilidade, aos temas da bandeira nacional e ao herói cívico de maior expressão na história do País: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Gentileza se refere a Tiradentes como SSENHORR PAPAI JOAQUIM - JOSE DA SILVA XAVIER que, assim como Jesus, sofreu por seu povo. De fato, Gentileza faz vir à tona uma simbolização assente no imaginário cultural brasileiro, que aproxima Jesus e Tiradentes: heróis e mártires, semelhantemente retratados com cabelos e barbas longas. O próprio Profeta, fisicamente, assumiu esta figura, que remonta milenarmente aos profetas bíblicos.


Sua admiração a Tiradentes levou-o várias vezes a Minas Gerais e, especificamente, a Ouro Preto, onde se abrigava em igrejas e repúblicas de estudantes. O monumento a Tiradentes na praça central da cidade era seu principal local de referência. Foi numa dessas idas a Ouro Preto, no convívio com os estudantes que estes lhe sugeriram o uso de uma bata, que acabaria por marcar definitivamente sua figura mística. Em outros municípios, Gentileza também explicitou seu respeito por Tiradentes. Em Brasília e, principalmente, no Rio de Janeiro, o Profeta assistia às homenagens de 21 de abril. No Rio, em frente à Assembléia Legislativa, suas aparições, nesse dia já eram aguardadas pela imprensa. No sete de setembro era sua vez de acompanhar as paradas militares.


No Rio de Janeiro, a maior marca de Gentileza era seu constante deslocamento pela cidade. O Profeta poderia ser visto, num mesmo dia, transitando nas barcas, na Praça XV, pregando na Central do Brasil, na Presidente Vargas e nas imediações da Rodoviária Novo Rio. A caracterítica comum desses lugares era o grande fluxo de pessoas.


Além das grandes viagens pelo país, os anos 80 marcaram uma grande intervenção de Gentileza na paisagem urbana do Rio de Janeiro. Entre a Rodoviária Novo Rio e o Cemitério do Caju, numa extensão de 1,5 km, Gentileza realiza seus 56 escritos murais sobre pilastras do Viaduto do Gasômetro. A obra de Gentileza demarca um espaço e uma permanência - mesmo que ameaçada - para sua mensagem. Desta feita, o Profeta não pinta mais sobre placas, mas diretamente sobre a superfície do concreto. Sua grafia e seus signos, já presentes em seu estandarte e em placas que realizava, se inscrevem agora na própria cidade, transformando pilastras em tábuas de seus ensinamentos. É neste momento que o Profeta apresenta, com toda ênfase, sua denúncia às condições do mundo e à ameaça que incide sobre a Natureza: o CAPETA CAPITAL no mundo contemporâneo é a reatualização do mal concreto que assola a humanidade. Mas os escritos do Profeta nos indicam também sua alternativa. É em seu próprio desígnio - gentileza - que se encontra a chave de um Princípio reorientador do mundo.


Para tal, Gentileza lança mão de uma simbologia religiosa que desperta a atenção pelos signos dos quais se vale e pelo acréscimo de letras nas palavras. Essa forma singular de apresentar-se, marca a apropriação de uma simbologia trinitária e quaternária que Gentileza desenvolve em sua linguagem: o UNIVVVERRSSO é a criação conjunta de F/ P/ E (Pai, Filho, Espírito) em VVV e duplamente participação em RR e SS. Assim como o AMORRR ao qual ele sempre se referia: "amor material se escreve com um R, amor universal se escreve com três R: um R do Pai, um R do Filho, um R do Espírito Santo - AMORRR". Esta mesma marcação aparece em F/ P/ E/ N, incorporando um quarto termo (N) SSENHORRA em sua visão religiosa. Para o Profeta, todos estes termos manifestam gentileza, reafirmando a extensão de sua simbologia. Em última instância, a eficácia de sua alternativa recolhe sua força do alcance de seu próprio desígnio e daquilo que este é capaz de promover: GENTILEZA GERA GENTILEZA, nos convoca o Profeta, proclamando um Princípio ético e divino no mundo.


Esta obra, agora recuperada, constitui uma cartilha com os preceitos básicos de Gentileza à população. É um Livro Urbano, onde cada pilastra é uma página e a leitura é feita à janela dos veículos que por ali passam continuamente. Assim como o episódio do circo inscreveu Gentileza na memória popular, suas viagens pelo Brasil e suas inscrições, perenizadas na entrada do Rio de Janeiro, fizeram dele um dos maiores personagens populares do Brasil. A estrutura dos seus escritos e sua grafia, uma vez vistos, tornam-se inconfundíveis. No início dos anos 90, com a obra concluída, Gentileza costumava ficar ao lado da pilastra 1, sentado numa cadeira, acenando para todos como se estivesse na varanda de sua casa.


Gentileza era muito atento aos acontecimentos públicos: concentrações populares, comícios e passeatas eram sempre um motivo para que o Profeta pudesse levar sua mensagem às pessoas. Uma dessas últimas ocasiões foi a ECO 92, no Rio de Janeiro, onde ele conclama as nações e os presidentes ao uso da gentileza.


A partir de 1993, sua saúde fragiliza-se. Após uma queda, que lhe ocasionou uma fratura na perna, o Profeta já não possuía mais a mesma disposição que o levava, dantes, sem restrição, a todos os lugares. Acometido também de problemas circulatórios, sente cada vez mais dificuldade em andar. No início de 1996, decide retornar a Mirandópolis, São Paulo, próximo a sua cidade natal, onde vem a falecer no dia 29 de maio, aos 79 anos."


COLABORAÇÃO DE MARCELO "FEIO", DE SEU BLOG:

quarta-feira, 12 de maio de 2010

CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO EM YOGA 2010


Curso Livre de Formação e Aperfeiçoamento em Yoga 2010


O curso oferece um dos mais completos programas que irá conduzir o aluno à excelência técnica,tornando-o profissional em apenas um ano.Adequando também para quem deseja conhecer o Yoga, sua história, benefícios e prática, mesmo para pessoas que não tenham tido contato até o momento.


Faça parte deste curso que já formou profissionais de sucesso e contribuiu na busca por melhorias na vida dos alunos.


Coordenação:Prof. Fabio Goulart


Praticante e pesquisador do Yoga e demais aspectos da cultura indiana há quase duas décadas.
Conduziu diversos cursos e atividades culturais em diversos estados do Brasil e na Índia.
Há 5 anos ministrando cursos de aperfeiçoamento e capacitação para professores de Yoga.
Coordenador do Núcleo Cultural Sathya Yoga
Diretor do Movimento Todo dia é dia de Yoga


Duração: Maio de 2010 a maio de 2011.

Aulas em 1 final de semana por mês, das 09:30h às 17:00h


Inscrições e informações:Sathya Yoga

R. General Osório, 65
Centro- Petrópolis, RJ
Tel.: (24) 2242-7017

Índia: iogue de 83 anos que não come há 70 impressiona médicos


O indiano foi vigiado 24 horas e seguiu sem beber, comer, urinar ou defecar
10/05/2010

O iogue diz que foi abençoado por uma deusa aos oito anos.


Cientistas indianos expressaram assombro após as análises efetuadas durante duas semanas em um homem de 83 anos, que afirma ter passado mais de 70 anos sem ingerir alimentos ou beber água.


O iogue de barba longa Prahlad Jani resistiu sem beber ou comer, mas sobretudo sem urinar ou defecar, durante este período de observação que terminou na quinta-feira, segundo os cientistas.
"Seguimos sem entender como sobrevive sem urinar ou defecar. Este fenômeno é um mistério", declarou à imprensa Sudhir Shah, um neurologista da equipe de 30 médicos que observaram o iogue em um hospital de Ahmedabad (oeste).


Prahlad Jani era vigiado 24 horas por dia por câmeras pelo Organismo de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Defesa (DRDO).


Depois, o iogue regressou à sua terra natal próximo a Ambaji, em Gujarat (norte), onde retomou suas atividades de meditação. O idoso garante que uma deusa o abençoou quando tinha 8 anos e permitiu que vivesse sem alimentos.


Durante as duas semanas de observação, "o único contato de Jani com líquidos era quando fazia gargarejos ou se lavava", indicou em um comunicado o doutor G. Ilavazahagan, diretor do Instituto Nacional de Defesa especializado em fisiologia.


"Se Jani não tira sua energia dos alimentos ou da água, deve fazê-lo de outras fontes que o cercam, e o sol é uma delas", indicou o doutor Sudhi Shah. "Nós, profissionais do setor médico, não podemos excluir hipóteses como a de uma fonte de energia diferente das calorias", disse.
O iogue se submeteu a uma ressonância magnética. Seu cérebro e sua atividade cardíaca foram medidos com eletrodos e foram feitas análises de sangue.


O resultado detalhado será publicado nos próximos meses e os cientistas esperam poder aproveitá-los para aumentar a resistência dos militares ou ajudar as vítimas de catástrofes naturais.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...